24 de jul. de 2011

As mulheres invisíveis do Brasil


Quando Odete me contou sua vida pregressa  não identifiquei em sua narrativa nenhum sentimento aparente, embora soubesse que dentro daquela mulher houve ou ainda há um turbilhão de dor que provavelmente foi cimentada para a própria sobrevivência. Normal. Ela me contou tudo com o rosto impassível. Morando no interior do Maranhão, o marido desempregado e apaixonado por cachaça batia nela diariamente na frente dos dois filhos; Uma história comum que faz com  que essas mulheres sejam quase invisíveis, porque a vulgaridade dos fatos tornam as coisas assim. E nós passamos batidos, porque tudo tem que ser superado, porque afinal é a vida e todo mundo está atrasado demais, ocupado etc. Mas Odete...Ela largou o marido e saiu do Maranhão na década de 90 e veio para o Rio, deixando os filhos no nordeste, mas com o objetivo claro de trazê-los depois. E veio ser doméstica, sozinha, aquela história que todos conhecem, e que novamente lembro, faz com que você encontre Odete na fila do supermercado e a veja com uma cara tranquila...Normal. Porque é assim que as Odetes querem que a vida seja. É pedir muito? Parece que no Brasil, ainda é.

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Segundo os Dados do Mapa da Violência, divulgados em abril deste ano, mesmo com a Lei Maria da Penha , o Brasil não registra decréscimo na taxa de violência contra a mulher há 10 anos. Em 2008, de acordo com o estudo, foram 4.023 mortes violentas e 40% delas, dentro da casa da vítima. Ou seja, o agressor é o companheiro e o marido e muitas vezes eles são os provedores do lar o que inibe essas mulheres - além das ameaças - de saírem de casa e escaparem de virar os 40% desse estudo. 

Há no Brasil um programa da ONG Action Aid, Mulheres do Brasil, para amenizar os efeitos das vítimas de violência doméstica e mulheres em situação de extrema pobreza oferecendo uma oportunidade através da geração de renda. É um trabalho sério, a Action Aid tem mais de 39 anos e atua no mundo inteiro. Eles precisam de recursos para manter o Mulheres do Brasil, a quantia é pouca, não pesa no bolso de ninguém e quem colabora pode acompanhar como o seu dinheiro está sendo empregado.

esse é o Mulheres do Brasil, entra lá ;-) 



Ps. A Odete conseguiu trazer os filhos pro Rio e casou de novo com um cara bacana! 

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