Preste atenção: vão dizer que você escreve mal, vão dizer que arte não enche barriga e te perguntar como você irá arcar com despesas como o plano de saúde, por exemplo. Assim como, vão te inquirir sobre o seu planejamento de vida, sobre o MBA que você ainda não fez, e vão querer saber o porquê, de você ainda não ter saído de casa, quando está cada dia mais próximo de fazer 30 anos. E você vai querer chorar, se matar, tornar –se um viciado em entorpecentes baratos, porque afinal de contas, quem é você pra ter dinheiro para beber um bom uísque ou usar drogas de boa procedência? Você também vai estar fora do peso, vai ter vergonha do seu corpo, das suas roupas, da sua parca conta no banco e da antipatia dos gerentes financeiros que nunca conseguiram te emplacar um seguro de vida. Aliás o seu seguro de vida, só pode ser aquele muro que te amparou quando você estava tão bêbado, que pensou assim: porra, ou é isso ou é o chão. No outro dia, de ressaca, o sol vai te incomodar, você vai ter inveja daqueles que tem uma boa varanda e filmes para fugir do domingo e da porcaria que é o jornal em dia de domingo. Malditos jornais que trazem um plano de vida emergencial para que você mude do domingo para a segundo o que você não conseguiu em quase trinta anos. Se é que você fracassou, lembre -se de que o papel de coitadinho não lhe cabe. E sempre pode haver um grande cara para mudar a sua vida quando lhe recomendar uma música do “Engenheiros do Hawaí”. É, tá vendo? Também não dá pra esquecer que todas as vezes que você escrever alguma coisa, vão pensar “Ih ta na pior, ih precisa de sexo”. Vão te interpretar tal qual grupinho de teatro transcendental. Você será o panis et circenses de uma pequena multidão de lesados. Você terá algum ibope, se partir para vertente da tragédia. Por outro lado: perderá o crédito, seus amigos sentirão cheiro de problema quando você se aproximar, quando pedir algo extravagante e a única companhia que irá lhe restar no fim das contas, será a vergonha. Te desejo boa sorte.
Um comentário:
curti, hein...
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