6 de set. de 2009

O pior da babaquice do mundo


A paranóia como quase tudo é muito simples de se resolver para quem vê de fora. Fui fazer uma matéria com um grupo de ajuda - tal qual o N.A e o A.A - aquela coisa de terapia de grupo, em que cada um vai falando seus problemas, os outros debatem e lá estava eu. Primeiro: para entrar, eu deveria invadir a terapia altamente fechada daquelas pessoas. Pensei de que forma eu poderia fazer isso e sentar lá para escrever sem que elas se fechassem e me vissem como uma cretina exploradora. Se tem um troço que eu respeito muito é a loucura alheia. Nada, talvez, desperte tanto a minha consideração quanto o paranóico consciente. Apenas acho que é perigoso o sujeito que, pelo menos três vezes por dia, não tenha a certeza absoluta de que está enlouquecendo. O ser que se acha acima da linha da normalidade. Não confie nessa gente.

Enfim, a terapia era para pessoas que compram demais e terminam por acabar com a vida em dívidas e vergonha. Claro que tinha mais mulher. Claro que elas sofriam, e muito. Prazeres era uma senhora bacana que distribuiu bala halls para todos da sala, menos para mim porque ela ficou muito desconfiada comigo. Entendi. O problema dela era com operadores de telemarketing. Ela simplesmente não conseguia bater o telefone na cara deles e ainda, comprava tudo o que lhe era oferecido e nos minutos e minutos que perdia com essa gente, deixava queimar o feijão. Ora, você pode pensar e eu cheguei a perguntar a ela; Qual o problema em bater o telefone na cara deles? É até gostoso. Eu já maltratei muito atendente de TMK e me senti bem. Claro que não perguntei assim. As perguntas devem ser técnicas porque se a pessoa percebe que você se assusta com o que ela te conta, não falará mais nada por perceber o peso negativo que pode ter seu comportamento. Mas Prazeres disse;

"Olha, as minhas mãos suam, eu passo até mal, mas não consigo dizer não a eles."

Deu muita pena porque nessa história ela gasta um dinheirão.

Joana tem 14 cartões de crédito, é feia que dói e compra compulsivamente. Ocorre que Joana porta uma imensa mancha marrom que lhe desce da face até o tórax. Era uma mancha abissal e, mesmo sem ela, Joana não teria mesmo uma boa aparência. Por isso ela passa horas e horas num bingo e quando não está lá vai ao shopping comprar roupas que podem ser muitas, mas dificilmente alguma melhoraria a situação dela. Embora as religiões e a psicologia tentem afirmar o contrário, a vida pode mesmo ser uma desgraça ou uma sucessão delas. Nem todo mundo recebe o carinho divino na cabeça. Alguns levam um tapão do capeta e são miseráveis de verdade. Depois escrevi a matéria e pensei na merda que pode ser um cérebro dominado pelo pior da babaquice do mundo. A fragilidade, a delicadeza e a sensibilidade de algumas pessoas não resistem à cobrança de mostrar resultados, crescer na vida e todo este papinho que só serve mesmo para pasteurizar a gente.

Um comentário:

Seiji disse...

As duas últimas frases já valeram meu tour matinal por blogues de desconhecidos. Bêjo