16 de jun. de 2008

Sob a ótica de Cecília (praticamente um mundo à parte)

Cecília Gianetti escritora e colunista da Folha de São Paulo escreveu sobre o filme Sex and the city, em uma crítica muito previsível. Já tem um tempo, presto atenção às coisas de Cecília em um esforço descomunal para gostar, sei lá... É que ela tem cachinhos dourados e uma cara de anjo barroco que me força, a querer gostar do trabalho dela, afinal com o montante de coisas que ela faz, não se pode dizer que não é uma prolífera. É, e muito. No entanto, sempre me incomoda um ou outro detalhe em seu trabalho que me faz, infelizmente, não admitir que Cecília seja relevante para o bem. Ouvi dizer que o poeta Mário Faustino comparou um mau poeta - e deu a ele o mesmo peso - a um médico ruim, em suma, o escritor ruim e o médico ruim, representam perigo para sociedade. Fui mais além na questão Cecília: Ano passado investi algum dinheiro e comprei o livro dela “Lugares que não conheço, Pessoas que nunca vi” ou vice – versa, está lá em casa, não lembro ao certo, mas acho que é isso. O livro no seu melhor resumo, fala de uma repórter de TV que presencia uma cena de violência extrema e fica meio xarope a ponto de tentar o suicídio. Até aí tá tudo muito bem. Minha implicância começa quando: Me deparo com uma repórter policial, que sobe morro atrás de matéria e mora em um duplex na lagoa. Por curiosidade, liguei para um amigo que trabalha como editor em uma grande emissora – que não é a Globo, porque a Globo, que teoricamente paga muito bem, não expõe seus repórteres a risco - que tem um programa policial,

“Chico, quanto ganha uma dessas repórteres?”

“Ah... no máximo uns sete mil.”

Hum... A moça do livro de Cecília até onde me lembro, não tinha mais do que trinta anos, era repórter de TV e morava em um duplex na Lagoa, que no barato, custa cerca de um milhão e meio. Eu disse: no barato. Mas tá, a literatura é um campo aberto e não vamos nos prender a detalhes, pode ser que a moça tenha herdado o duplex... Vamos deixar a inverossimilhança de lado e esquecer que só o condomínio de um duplex na Lagoa seria quase o salário inteiro de repórter da personagem de Cecília. Outra que me pegou de jeito e me fez implicar com o livro foi a famigerada cena de violência, a tal que deixa a repórter biruta: Um garoto morador de uma comunidade leva um tiro na mão, tiro este que deixa um buraco na mão, logo o tiro não pode ser de fuzil, porque não sobraria mão pra buraco algum, nem de pistola, essas também são potentes. Então o tiro poderia ser de um 38 ou 22, mas vem cá, nenhuma das facções do Rio usa essas coisas ultrapassadas... Eu sei, sou mesmo uma chata, são apenas detalhes. Bem o calibre que fez o buraco na mão do moleque não tem importância, estamos falando de “arte”... Prometo que essa é a última: Te lembras de alguma cena de um famoso filme brasileiro em uma criança é alvejada na mão e no pé por traficantes? Se você pensou em Cidade de Deus, acertou. O filme é de 2002, o livro de Cecília foi lançado em 2007... Ah, é apenas o inconsciente coletivo. Grande Cecília... Outro dia eu fui ler uma das crônicas dela, que me parece, não é mais semanal e sim, quinzenal. Então Cecília fez a sua parte enquanto escritora engajada e escreveu sobre a dengue, repare como começava a crônica dela;

A secretária sempre acha graça quando troco, religiosamente, meu dispositivo anti-mosquito na tomada da parede.”

A secretária em questão é eufemismo para empregada doméstica. De acordo com o SINE (sistema nacional de emprego) o nome que se dá ao profissional que trabalha diariamente em uma residência, é mesmo “empregado doméstico”. É que Cecília, embora tenha feito questão de dizer que possui uma empregada doméstica trabalhando para ela, e ter começado uma crônica com isso, queria ser legal e não usar um termo pejorativo como ‘empregado doméstico’, que nem pejorativo é. Eu vou terminar de escrever sobre Cecília, colando o que escrevi no blog de Fernanda, que disse ter gostado da “crítica” da escritora sobre o filme Sex and the city;

Criticar Sex and the city e dizer que o filme é ruim, é o mesmo que atestar "o mico-leão dourado está em extinção". Ou seja, óbvio demais para se levar a sério. A crítica tem um Q de recalque. Incito as peruas a unirem -se contra este tipo de coisa.


3 comentários:

Carola Medina disse...

Camilla, apesar de gostar muito da pessoa Pavão Cabeçudo, eu entendo o que Marcelo reclama tanto. É muito texto ruim sendo escrito e tendo toda a pobre parafernália editorial ao lado. Grupos de escritores se unem, normal, isso acontece há centenas de anos. Mas hoje em dia é muita mediocridade. Muito texto ruim sendo publicado. No jornal então, nem se fala. Esse livro, alvo de tua crítica, é muito pior do que vc disse. Muito mal construído, mal narrado. Muito pobre. não temos mais bons escritores, temos razoáveis. Nem aqueles amados da Praça Rooselvelt. Fico pensando nos livros que li nos ultimos anos, Camilla, todos na maioria são estrangeiros, e os brasileiros tem mais de 50 anos que foram escritos. Posso citar vários que escrevem bem, mas não tem conteudo. Vários, muitos até eu conheço bem. Mas estofo literario só poucos, pouquíssimos. E não sei vc sabe, tenho sérios preconceitos com contistas e coletaneas de contos. Isso é para amadores e iniciantes. Escritor profissional não faz isso. Na coletânea pega-se algo esquecido da gaveta e manda. Não vai receber nada mesmo.
E com certeza Camilla, vai virar peso de papel. Não vende nada. Talvez, dessa geração, o Ruffato seja diferente. O livro Eles eram muitos cavalos vende bem. Já fizemos duas tirangens. Mas é uma merda Camilla. Não é mal escrito, mas recorre a tantos cliches literarios que me deu enjoos. Mas vamos em frente, e pelamordedeus, não gaste seu dinheiro a toa. Beijo enorme

noone disse...

Quem dera esse seu texto coubesse somente à Cecília Gianetti.
Tem coisas que leio e não consigo acreditar. Aí vejo uma moçada batendo palmas de pé e sinto vontade de morrer, pra escapar da lobotomia.
Pode ser paranóia, mas acredito que vai pintar um grupelho de escritores assustadores por aí. E eles vão ser lei.

Leonardo Martinelli disse...

É isso aí,amor, vai fazendo política, é mais rápido que estudar...
Conheci seu desafeto há pouco.
Deus, como ela me lembrou você.