Azulejos Hidráulicos

Agora, dor nos rins me remete a azulejos hidráulicos. Assim como cocada me remete a crise de espirros, roupa branca ao centro espírita. Todas as coisas que estão comigo quando certas cenas, desesperos e acidentes acontecem. Ontem e hoje sinto dores nos rins, e tive de procurar os azulejos hidráulicos. O arquiteto Hélio Pellegrino adora elaborar projetos com azulejos hidráulicos, a filha dele é escritora, nunca escreveu um livro, mas mesmo assim pagaram 10 mil para ela viajar até a Índia e escrever um livro, o seu primeiro. Logo, os azulejos me lembraram inevitavelmente o Hélio Pellegrino, sua filha que escreve mal e óbvio, a minha dor renal. A dor renal me fez esquecer de sentar corretamente e dessa maneira fazer com que a calça jeans escondesse o meu cóccix, porque no meu cóccix existe uma tatuagem de uma frase, aparentemente ridícula, mas relevante para mim, inclusive porque faz uma ode a generosidade.
Quem ama não pechincha.
A vendedora da loja de azulejos hidraúlicos, tentou ler;
"Quem ama...o que?
Com delicadeza, eu disse que não interessava. E voltei a conversa para os azulejos. Sentei direito e os rins doíam, se nào fosse a vendedora eu poderia continuar sentada confortavelmente. Mas agora ela estava atenta a qualquer vacilo do meu cóccix e eu fiquei puta com a estória de ela ver a tatuagem. Logo, a vendedora me causava uma certa raiva pela indiscrição, os rins doíam na loja de azulejos, o Hélio Pellegrino tá cheio da grana, deram 10 mil pra filha dele, a distribuição de renda é injusta, a loja de azulejos é na Lapa, eu ando muito pela Lapa, eu odeio a Lapa, gosto de travestis, tenho vontade de escrever sobre travestis, travestis dão o cu profissionalmente, dar o cu todo o dia deve fazer mal aos rins. E quando os rins doem... a culpa é dos azulejos hidráulicos.