12 de jul. de 2010

O que me faz escrever sobre Harvey Pekar no dia em que ele morre, nem é uma obrigação. Tenho ouvido uma lorota assustadora.

"Ah, nas minhas publicações digitais e na rede, sou/vivo um personagem."

Eita ferro. Essa ideia de "Viver o personagem" é muito cabotina, não? Parece papo de entrevistado de programas que costumam misturar tragédias & culinária.

Se todos os dias é a mesma pessoa, não tem personagem. A não ser que a fonte de inspiração seja o Tiririca. Fala itimidades, expoe pontos altamente fracos, compra briga e depois vem com a ideia de que "vivo-um-personagem-eu-não-sou-isso".... covarde. Se não é ator, tem vergonha da tranqueira que é, depois vem com a teoria do personagem.

Me diz, um cara como o Harvey Pekar diria: "Eu vivo um personagem. Crumb, quando eu morrer, diga que, na covivência eu nem era tão esquisito. Diz que eu ia pra uma boate."?

Bandidagem que vem da própria vergonha. Eu cresci num lugar em que cretino bom, é cretino envergonhado de si.

Splendor.




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