O Mário matou o Hype

O Rio de Janeiro é uma cidade muito chata e restritiva. Acho que já disse isso umas cinco, seis, mil vezes, não? Mas tendo essa coisa toda acontecido com o Mário - que foi um fuzuê tão grande que fiquei constrangida de comentar qualquer coisa, vergonha alheia, como se diz - hoje posso dizer umas coisas que sempre me surgem ao pensamento quando penso em independência. O Mário - que droga, eu não queria mesmo pagar esse pau, mas é inevitável - me deu coragem para ser o mais low profile possível nessa vida. Eis algumas frases do Mário que pude exrair das nossas conversas.

"Você briga com todo mundo Camilla" - olha quem fala.

"Eu tô sempre com esse meu coturno e compro uma calça por ano."

"Não vou fazer isso - qualquer coisa - , foda-se não vou."

"Você vai me obrigar a ouvir The Smiths enquanto essa entrevista não começa?"

"Nunca vou ficar careca." "Deixa eu ver - aí levantava o cabelo dele, é cabelo pra cacete - é mesmo."

Então, da primeira vez que eu fui lá na Roosevelt, eu me senti muito bem. E bem a vontade, lá você pode ser durango e ainda sim ser um grande cara. É claro, a Praça não é um lugar para se ir sempre... Mas o Mário tem essa, de ser o "foda-se que não vai ficar careca" e para mim, São Paulo tem essa imagem também. Já o Rio... porra o Rio é broxante. A cidade parece viver no clima "Ibrahin Sued" quando chega o verão: é modinha, é lugar da modinha, é o tal do Bailinho. Tudo isso é caro sabe... É chatinho, as pessoas estão lá, mas não estão... Elas estão se comportando conforme a moda ditada pelo suplemento dominical do jornal. Daí sempre que penso nisso vem o Mário " só compro uma calça por ano, o meu coturno..." Não sei, eu me sinto feliz. Eu me sinto eu. O Mário tem isso de pagar para ser e não pagar R$ 70 pra entrar no Bailinho. As balas não mataram o Mário, mas o Mário matou o hype. Grande cara, não merece mesmo ficar careca, a genética sabia disso. Obrigada Mário, espero vê-lo o quanto antes. Minhas sinceras estimas para a sua recuperação.

Camilla Lopes.