
Hospitais são o último lugar onde quero estar, o mesmo vale para as clínicas que tantas vezes me salvaram com a milagrosa mistura: glicose e plasil - a mesma que matou Cássia Eller, tenho dado sorte. A sensação de escapar da morte, nem isso, mesmo já tendo experimentado diversas vezes, nada abona o desconforto de ir a hospitais. Se não é você, são os outros. E não existe maior incômodo do que presenciar cenas de sofrimento de gente que nem conheço. É muita intimidade exposta, assim tão depressa. Ao meu ver, chorar, comer ou escrever é particular demais, tanto quanto fazer sexo ou ir ao banheiro. Em dois minutos que você sai do quarto para ir fumar um cigarro, tem gente chorando, rezando, morrendo. Se em doze horas você fumar cinco cigarros, vai haver um acúmulo de tragédias vistas dentro das suas córneas e as rápidas tragédias ficarão retidas no seu cérebro para que um dia, surjam e venham te encher o saco no momento menos esperado - pode ser em uma mesa de bar, ou na praia. Mas é claro que isso não acontecerá com muita gente, a não ser que exista muita gente como eu, e do fundo do meu coração..., seria péssimo mais gente como eu no mundo, péssimo para os outros, eu acho. Não quero mais jantar sozinha e ver as luzes da cidade, tenho a máxima certeza de que a cidade quer que eu me exploda
Um comentário:
O meu ver, nesse caso, é igual ao seu.
e isso foi uma das coisas sua mais triste que eu li.
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