17 de jan. de 2008

Procura -se

Quem me tirar de pobrezinha vai levar lambida no pescoço. Vou para a praia. Estou lendo Kurt Vonnegut - é o seu sim Miguel, mas já devolvo - , que é ótimo. Só é uma pena que um escritor gaúcho também goste dele, e que esse escritor gaúcho seja alvo da admiração da escritora carioca que toma remédio controlado e escreve em um grande jornal. O resultado disso tudo é: a escritora carioca escreveu a merda de um livro - no duro, um dos piores que eu li - com um estilo IMPLORANDO para ser o do Kurt, tudo porque o escritor gaúcho gostou do cara. Eu tenho medo do futuro, mais do que do passado.
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Tem um cara que toda vez que me liga interpreta que eu estou na pior. Tipo assim;



"E como você está? Está trabalhando?"



"Estou bem, não estou trabalhando, fiz um teste para uma assessoria mas eles não gostaram de mim, ou não me saí bem, sei lá..."



"Ahhhh que merda, hein?" "E a sua mãe?"



"Piradinha."



"Ah meu Deus..."



Será mesmo uma tormenta que até me impeça de viver, não estar no mercado de trabalho e ter uma mãe levemente pirada? Ontem mesmo ela disse;



"Venha comigo, vou fazer uma cirurgia espiritual"



Sério mesmo, o centro espírita parecia o céu de uma das novelas da Globo. Impressionante, e acima de tudo causticante pelo calor que faz em Jacarepaguá. Coloquei um vestido preto. Tive de trocar por uma roupa branca e de algodão;



"Porque preto impede que a energia transite."



Então tá. Lá fui eu e Mamãe Piradinha. Não há a menor diferença entre a fila de uma cirurgia espiritual e a fila de atendimento de um posto de saúde municipal, horas de espera ao lado de cancerígenos, cardíacos, drogados, depressivos e mazelados em geral. Penso o seguinte: as pessoas só procuram ajuda espiritual quando estão na pior, não é mesmo? Quem pensa em Deus no Alalaô do carnaval? Eu sou uma pessoa agnóstica, mas ando com uma medalha de Santa Bárbara no pescoço, e até tenho fé, penso em Deus sempre. Também tenho fé - desde ontem - no Carlos Vereza, que é medium e estava no centro operando o pessoal. Eu fiquei lá na fila com Mamãe Piradinha e uma amiga dela. A amiga havia se curado do alcoolismo. Haja passe.



"Não me olhe com pena, eu faço sexo duas vezes por semana."



De uma senhora careca para mim. Eu realmente fiquei impressionada com a falta total de pelos no rosto da velha. Mas ela faz sexo duas vezes por semana. Eu não. Dá pra entender que uma coisa compensa a outra? Posso não ter emprego, mas vou ao centro espírita não acreditar no trânsito da energia, posso ter uma mãe piradinha, mas tenho uma mãe.
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Essa 3x4 foi tirada hoje e eu a coloquei aqui para que vejam a minha cara de 26 para 27 anos.

4 comentários:

Nilovsky disse...

Pô, Camilla, você é a primeira pessoa que eu vejo sair bem numa foto 3x4 (sem puxação de saco pq vc me conhece).

Gostei pra caralho desse post. Li até o final sem perceber que havia acabado; e isso porque a preguiça tava me domando pela coleira.

[]'s

Camilla Lopes disse...

obrigada, Nilo. Um beijo.

Pierre Masato disse...

Cirurgia espiritual... lembrei do Andy Kauffman, saca?
Beijos

Camilla Lopes disse...

Ah claro que lembro,
Mr. Kaufman e sua luta livre.
Bijo.