30 de jan. de 2008

A felicidade não é serial



Gostaria de ter sido feita em série. Como as pessoas que estavam naquele bloco, felizes da vida por ouvirem a mesma música ser tocada desde a Praça Mauá até a Cinelândia. É para o povo decorar o samba de 2008, sacou? É o mesmo esquema à base da repetição usado por Pavlov em suas experiências com ratos. Também faz lembrar 1984, do Orwell. O mais estranho, é que só eu parecia achar estranho - a porcaria da música ser exatamente a mesma durante aproximadamente uma hora e meia, por aí. O pessoal do bloco poderia ir tranqüilamente de Bangu até Copacabana cantando aquela porra. Enfim, é por isso que, caso eu tivesse saído da mesma linha de montagem daquelas pessoas, tudo seria mais fácil. Eu levaria uma câmera digital, fotografaria o ápice do momento e depois ia tudo para o Orkut, para então alguns anos mais tarde; relembrar com a ‘”galera”;
“Ah, aquele ano foi ótimo! E nesse? Vamos pra Araruama?’’
E tudo terminaria em samba, suor e swing. Swing entre a classe média, nunca esteve tão em alta,assim como óleos que esquentam, apetrechos e fantasias tipo lingerie com o motivo “Tropa de Elite.”
Penso em parar com a eterna mania de zombar da felicidade dos outros. Afinal o que importa é o produto final. Por exemplo; uma prima distante namora um rapaz homossexual, mas naturalmente, não afeminado e que se diz apaixonadíssimo por ela, capaz de lhe satisfazer as vontades e aquela história toda de um namoro comum, apenas pelo fato que acabei de dizer. Claro, evidente que, dada a preferencia do homem, a prima vez em quando, se vê na obrigação – solidária – de introduzir um consolo no namorado...E assim é o mundo, e eu não fiz as regras. Mas, é disso que eu falo, uma explição plausível para ser feliz, uma troca, mimos por consolos. Um tipo de felicidade não serial. Acho mais válida.
No mesmo bloco eu pisei em um pombo. Porra, um enorme pombo preto, estraçalhado, com as tripas vermelhas, encaracoladas, loucas para se embrenhar nas minhas sandálias de prata – que por nada deste mundo, nem mesmo pela aflição de ver um cadáver de pombo...nem por isso...sambaram aquele samba repetido.
Sabe, costumo agir com uma certo ceticismo. Mas aquele pombo, pareceu macumba dirigida á minha pessoa. Antes de dormir eu rezei...
Com fé.

2 comentários:

Priscila disse...

Oie chatinhaa,
Eu tava lá com vc e te vi balaçando os dedinhos.

Priscila disse...

Oie chatinhaa,
Eu tava lá com vc e te vi balaçando os dedinhos.