14 de dez. de 2007

O Jornal é Pop

Abaixo um ensaio de conclusão de período que escrevi em 15 minutos, ferrada e sem tempo, tirando alguns errinhos, acho que ficou legal.



Há em princípio chamarizes claros para definir um jornal popular. Na cidade do Rio de Janeiro, dois exemplos a serem citados e tomados como parâmetros neste texto: o Meia – Hora e o Expresso. Considerações de formato: não há divisões de cadernos, são tablóides definidos por sessões. É recente a introdução dessas publicações no mercado, há dez anos atrás, o jornal era restrito as classes A, B e – apenas com promoções de assinatura e acontecimentos de grandes proporções –, a classe C. Em outros termos, o chamado “povão” não tinha acesso a informações do jornal, não havia circulação de noticias oriundas de um impresso nas comunidades e demais bairros dos ditos subúrbios da cidade, era raro ver um trabalhador que seguia da linha de trem Japeri – Central, ler um jornal durante o trajeto que o levaria ao trabalho.
A linguagem usada nestes jornais que seguem o formato Tablóide - cujo um dos pioneiros foi o inglês The Sun -, é simples, direta e faz constantemente uso de gírias e termos que caem na boca do povo através das novelas, filmes, músicas e demais instrumentos de propagação da cultura de massa. As matérias são curtas, e dão especial atenção a acontecimentos relacionados à preferência popular da cidade. No caso do Rio de Janeiro, matérias policiais, o cotidiano de escolas de samba, músicos de funk e pagode, dançarinas e sambistas, atores da TV aberta e naturalmente, o futebol e os times cariocas. As sessões interagem muito com os leitores, aliás, nunca o impresso interagiu tanto com os leitores quanto após a criação deste tipo de publicação. Tendo em vista que o consumidor dos jornais populares encontra em sua comunidade diversas dificuldades não encontradas nos bairros mais próximos ao centro, e para atender esse leitor e naturalmente criar uma proximidade entre o público e o jornal - e assim fidelizar o público -, todos os dias uma sessão divulga as reclamações dos leitores sobre problemas de saneamento, iluminação, policiamento entre outros. Esse espaço faz com que o leitor sinta-se privilegiado e valorizado por esse tipo de mídia. Há um tratamento especial para a sessão empregos: se for levado em consideração que os leitores em sua maioria, possui o ensino fundamental e o médio, os empregos não exigem nível superior e ainda nesta sessão, encontra –se propaganda de cursos profissionalizantes nível técnico, de informática, entre outros que possam levar este leitor a ingressar o mais depressa possível no mercado de trabalho. Ao contrário do caderno Boa Chance do jornal O Globo, onde as propagandas são direcionadas para cursos de pós – graduação, MBA e mestrados. A rigor da preferência do homem brasileiro, o jornal popular exibe fotos de modelos e aspirantes com pouca roupa, e ao mesmo tempo em que diverte o publico masculino, promove concursos para as garotas, onde essas moças podem divulgar o seu “trabalho”. São escolhidos os crimes de maior impacto para estampar as capas, os títulos são sugestivos e escritos com muita liberdade, fazendo sempre uso de gírias e adjetivos para se referir a essas ocorrências. Para citar um exemplo de uma matéria de capa: um rapaz era acusado de estuprar uma jovem no bairro de Pedra de Guaratiba, Zona Oeste do Rio, sobre a foto do acusado que vestia uma calcinha havia o título, “Foi obrigado a desfilar como mulherzinha”. O interessante é observar que curiosamente vê –se um resgate do antigo jornalismo policial da era “Nariz de Cera”, sobretudo o jornalismo da década de cinqüenta, onde estas matérias eram narradas com descrições mais literárias. No entanto, no caso dos jornais populares esse encontro pára na liberdade em que são escritos os títulos das matérias, já que o corpo de texto é pobre em termos de linguagem.
Ainda existe o debate sobre a eterna questão: a linguagem é pobre porque o nível é fraco ou o nível é fraco porque a linguagem é pobre? Se por outro lado, for observado que o jornal popular deu certo e que, atende tanto a demanda de um público carente de informação e com pouco poder aquisitivo quanto ao anunciante, há a boa notícia de que o jornal impresso tende a permanecer mesmo com a ameaça da mídia eletrônica e a democratização da Internet. E também, nunca a classe D, teve tanto espaço na mídia quanto nos tempos atuais e assim fica claro que há mídia para todos os públicos.

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