Não há muito o que falar por esses dias, tenho falado pouco. Não que as coisas sejam difíceis, elas são diferentes. Não jaz aqui uma besta chorosa, só confusa, meio sem saber o que fazer. É assim mesmo. Ontem fui a missa, missa de canto gregoriano. Um incenso que fez meus olhos lacrimejarem, umas velhinhas se apiedaram, eu deveria parecer uma católica fervorosa. Mas nem sei rezar, prefiro ir a esses lugares olhar os outros. Desta vez olhei minha mãe e o marido, cara...É bonito de se ver, ela ajudava ele a levantar, ajudava a sentar - as mãos dela faziam carinho nas costas dele, tinha uma rosa na parte de trás da camiseta modernosa. Uma rosa e uma costela saltada. No meio do culto, eu vi ela dando um remédio a ele, morfina;
"Mãe, qual a contra - indicação da morfina?"
"Ah, a bula parece um tablóide."
O cara ao meu lado, deveria ter uns trinta anos e sabia a missa inteira. Fechava os olhos, aquele fervor todo. Eu supus que ele fosse comerciante e que os negócios não iam bem. Essa fidelidade interesseira que as pessoas têm com Jesus. Mas a culpa não é das pessoas, dos que no momento levam algum tipo de sofrimento, são culpados os aconselhadores, uns irresponsáveis;
"Nessas horas a gente tem que ter fé."
Um cara que conheci no sábado disse que até na igreja Universal foi parar quando perdeu a mãe, e me aconselhou fé. Eu tenho fé, tenho fé...Em quê?
Sabia que algumas empresas têm seus nomes dados por pais - de - santo? E que muitos tópicos da constituição brasileira também foram obra dos pais - de - santo? Pais - de - santo movem parte desse país. Pais - de - santo têm carrões. Ainda no sábado, no ponto do ônibus, dois caras conversavam, tenho a impressão que ao lado do ponto tem um centro espírita umbandista, sempre tem muita gente saindo de lá com flores, vestidas de branco. E um cara recomendava ao outro que comprasse a vodca, que o santo gostava muito de vodca. E as frutas, tinha que ter fruta. Aquele leriado todo de terreiro. Já fui em um, toda a vez o caboclo presente vem falar comigo. Sempre. Seja qual for o lugar. Se tiver cinqüenta pessoas e um caboclo baixado, o caboclo vai olhar pra mim e vai falar alguma coisa. Sabe o que o último falou? Em plena praia do Leme?
"Ixi, ixiiiii segura a onda que você tem talento. Ixi,ixi, tem talento você, menina."
Antes do reveillon, eles se reunem em manifestações perto da pedra do Leme. É bonito de se ver e eu chamei o Marcelo. A gente ficou lá sentado, eu tomei umas cervejas, o Marcelo parecia estar achando tudo um saco, mas talvez tenha se divertido. Às vezes ele se diverte. E o cara me chamou e disse que eu tinha talento. Por que os caboclos não são específicos? Tenho talento pra quê exatamente? Pra piranha, pra estudante, pra boa mulher? Pra quê, hein, hein?
Não sou pessimista, nem do tipo que se lamenta. Eu já disse, se não me casar, ou se os homens não me quiserem quando eu tiver mais de trinta anos, não tem problema. Sempre vão existir as ong´s e os gatos. E não vou pensar no amor carnal. Mas em relação ao pessimismo, só uma constatação: esse ano foi uma merda.
"Mãe, qual a contra - indicação da morfina?"
"Ah, a bula parece um tablóide."
O cara ao meu lado, deveria ter uns trinta anos e sabia a missa inteira. Fechava os olhos, aquele fervor todo. Eu supus que ele fosse comerciante e que os negócios não iam bem. Essa fidelidade interesseira que as pessoas têm com Jesus. Mas a culpa não é das pessoas, dos que no momento levam algum tipo de sofrimento, são culpados os aconselhadores, uns irresponsáveis;
"Nessas horas a gente tem que ter fé."
Um cara que conheci no sábado disse que até na igreja Universal foi parar quando perdeu a mãe, e me aconselhou fé. Eu tenho fé, tenho fé...Em quê?
Sabia que algumas empresas têm seus nomes dados por pais - de - santo? E que muitos tópicos da constituição brasileira também foram obra dos pais - de - santo? Pais - de - santo movem parte desse país. Pais - de - santo têm carrões. Ainda no sábado, no ponto do ônibus, dois caras conversavam, tenho a impressão que ao lado do ponto tem um centro espírita umbandista, sempre tem muita gente saindo de lá com flores, vestidas de branco. E um cara recomendava ao outro que comprasse a vodca, que o santo gostava muito de vodca. E as frutas, tinha que ter fruta. Aquele leriado todo de terreiro. Já fui em um, toda a vez o caboclo presente vem falar comigo. Sempre. Seja qual for o lugar. Se tiver cinqüenta pessoas e um caboclo baixado, o caboclo vai olhar pra mim e vai falar alguma coisa. Sabe o que o último falou? Em plena praia do Leme?
"Ixi, ixiiiii segura a onda que você tem talento. Ixi,ixi, tem talento você, menina."
Antes do reveillon, eles se reunem em manifestações perto da pedra do Leme. É bonito de se ver e eu chamei o Marcelo. A gente ficou lá sentado, eu tomei umas cervejas, o Marcelo parecia estar achando tudo um saco, mas talvez tenha se divertido. Às vezes ele se diverte. E o cara me chamou e disse que eu tinha talento. Por que os caboclos não são específicos? Tenho talento pra quê exatamente? Pra piranha, pra estudante, pra boa mulher? Pra quê, hein, hein?
Não sou pessimista, nem do tipo que se lamenta. Eu já disse, se não me casar, ou se os homens não me quiserem quando eu tiver mais de trinta anos, não tem problema. Sempre vão existir as ong´s e os gatos. E não vou pensar no amor carnal. Mas em relação ao pessimismo, só uma constatação: esse ano foi uma merda.
4 comentários:
Sabe Camila, sua constatação sobre pessimismo não é isolada. O ano foi uma merda pra mim também, e a culpa foi minha aliás.
(não acredito muito nos caboclos, aí procurei um psicólogo... acho que também não acredito nele)
Um beijo!
Muito bonito. Coloquei o link no meu humilde.
Beijo.
Bonito. Falou de várias coisas com precisão nas palavras e abordou diferentes sentimentos sem ser piegas, acho isto tão difícil de fazer. Gostei.
tem um erê que gosta de mim, mas só diz o que eu não preciso saber. esse negócio de adivinhar futuro num tá com nada. e tu escrevendo muito, como sempre. sou fã!!
Postar um comentário