Caricatura: Sava
Eu sempre quis ser normal. Uma garota normal. Que nem as minhas primas. Elas pintam o cabelo de loiro, lêem a revista Nova, noivaram, são monogâmicas e os relacionamentos delas duram mais que 2 anos, cada um deles. Dá para prever a vida e morte delas em menos de uma hora. A previsibilidade aliada a um pouco de ignorância que mantém uma alma sã. Oh, Deus me perdoe a inveja. Mas ontem, veja só, estava eu e Priscila na praia de Ipanema, eu com o pé em carne viva por usar all star sem meia, enfiando o pé na areia cheia de bactérias – com todo o respeito seu Anselmo - quando do nada nós começamos a divagar sobre o tipo da garota normal. E a Priscila diz;
“Poxa eu queria muito ser normal, sabe?”
“É sério? Porra, eu sempre sonhei em ser normal”.
“Desde os quinze anos eu quero ser normal”
“Eu desde a terceira série. Eu acordava e pensava: de hoje em diante, eu vou ser normal. Vou parar de dar sucrilhos para as formigas, de ficar duas horas me balançando na rede, de repetir o que as pessoas falam bem baixinho, de andar na ponta dos dedos até doer e principalmente, vou parar de pensar que cor seria o mundo se não existisse o mundo. Essa era boa, eu infernizava a minha mãe: que cor seria o mundo, se não houvesse o mundo. Qual seria a cor do vácuo? Do nada? Eu apostava no branco”.
“O que uma garota normal faz na sua opinião?”
“Ah, ela fica noiva, casa na igreja, tem filhos só depois desse processo e faz faculdades normais de garotas, tipo fisioterapia, administração, fonoaudiologia.”
“É né? Fonoaudiologia é uma faculdade bem de garota normal...”
“Num é? Mas ei..., você casou na igreja e no civil Priscila, você é um pouco normal.”
“É.”
“Num é?”
“Poxa eu queria muito ser normal, sabe?”
“É sério? Porra, eu sempre sonhei em ser normal”.
“Desde os quinze anos eu quero ser normal”
“Eu desde a terceira série. Eu acordava e pensava: de hoje em diante, eu vou ser normal. Vou parar de dar sucrilhos para as formigas, de ficar duas horas me balançando na rede, de repetir o que as pessoas falam bem baixinho, de andar na ponta dos dedos até doer e principalmente, vou parar de pensar que cor seria o mundo se não existisse o mundo. Essa era boa, eu infernizava a minha mãe: que cor seria o mundo, se não houvesse o mundo. Qual seria a cor do vácuo? Do nada? Eu apostava no branco”.
“O que uma garota normal faz na sua opinião?”
“Ah, ela fica noiva, casa na igreja, tem filhos só depois desse processo e faz faculdades normais de garotas, tipo fisioterapia, administração, fonoaudiologia.”
“É né? Fonoaudiologia é uma faculdade bem de garota normal...”
“Num é? Mas ei..., você casou na igreja e no civil Priscila, você é um pouco normal.”
“É.”
“Num é?”
7 comentários:
Eu també gostaria de ser normal.
Usar All Satr é o máximo, mas sem meia deve ser dose.
Adorei os "Num é?"
Se eu começasse a contar de mim aqui, você ia ver o que é não ser normal. Sou um caso à parte. Nem Deus.
www.caruco.zip.net
Você é foda, ô, carioca! Diz tudo o que eu gostaria de dizer.
Beijo.
Acho que todos somos um pouco loucos,
É noix.
Agora o mais engraçado disso td é q td garota 'anormal' tem primas normalíssimas.
Daquelas vagabas até o chão na adolescência (mas sempre somos nós o alvo dos comentários dos almoços d domingo pelas nossas roupas e cometários bizarros, nunca elas pela quilometragem excessiva), daí casam com o cara + saltless do Universo (necessariamente endinheirados), gastam 30 mil na cerimônia d casamento + óbvia do mundo (tem q ter 'Eu sei q vou t amar'), tem 02 filhos com nomes parecidos (daquelas crianças odiáveis) e sempre, SEMPRE o olhar d superioridade, do tipo 'eu sempre fui superior, tá aí a prova: meu casamento, minha linda casa, meu belo marido e meus belos filhos'.
Confesso q já pensei thousandbilliontimes q a vida seria mais fácil sendo normal, mas deve ser uó.
Sorry pelo comment-bible, mas eu sempre q vejo alguém 'pensando' nisso eu tenho q argumentar sobre os prós infinitos d ser bizarro.
Beijo pra vc, sua mais nova leitora,
Priscila Lopes (Mrs. Nilovsky)
Isso mesmo Priscila, as pessoas se repetem não é?
beijo.
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