1 de ago. de 2007

O tempo depois do prelúdio do fim





Na sala ao lado da nossa, estava uma mulher que mais parecia ter saído de um show em Las Vegas: peruca loira chanel, botas branca e um conjunto jeans repleto de apliques brilhantes, o filho era o seu acompanhante. Cada pessoa tem direito a um acompanhante e como eu só fui para ver como era, tive de alternar com a minha mãe. A clínica para cancerígenos abastados fica em cima de um shopping, de modo que, os esses cancerígenos têm toda a infra-estrutura que os cancerígenos freqüentadores do INCA da Pça da Cruz Vermelha, não têm. A vida é assim, de fato, não fui eu e nem você quem fez as regras. Aliás, quem as fez, são os tais que se encontram escondidos nas teorias da conspiração - onde o governo injeta tratamentos ruins em pessoas com câncer por elas serem improdutivas economicamente falando. Vai saber... Sou o tipo da pessoa que prefere nem pensar nisso, por ser ou impossível de resolver ou doloroso demais.
O nome da mulher era Sílvia, era não... É. Até segunda ordem do seu câncer de mama, ela é Sílvia. A Sílvia que fala ao telefone enquanto faz quimioterapia, dá bronca no filho que a acompanha – e que comia um Mac lanche e trabalhava com o notebook - e ainda tenta talvez pela cumplicidade, roubar um olhar do meu pai, que não notou a sua presença, não sei como, mas não notou. Semana passada minha mãe disse que a Sílvia estava lá, mas pode ser que na próxima ela não esteja. E não há nenhuma teoria da conspiração nisso.
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Pode -se comer, ver televisão, DVD´S o que quiser enquanto injetam a droga nas suas veias. Algumas pessoas têm cabelo, outras não e o resto esconde com peruca, gorros e chapéus. Na saleta de espera é comum ouvir esse tipo de conversa:

“Mas você tem de quê?”

“Fígado e você?”

“Próstata”.

Não há, especificamente tristeza, isso não vi em hora nenhuma. Existe sim, uma espécie de praticidade em resolver o problema. É simples: todo mundo sabe que vai morrer, só que algumas pessoas descobrem mais ou menos quando vai ser. Não é nenhuma tragédia...Dizem que a gente nasce para morrer... No caso dos doentes de doenças incuráveis, é como se no meio da história toda, alguém chegasse e dissesse:

“Olha só, é bom você se apressar porque teu fim está chegando daqui a pouco”.

2 comentários:

Anônimo disse...

caralho, é foda.Tem momentos que a a gente não sabe o que falar.
Abraço

Anônimo disse...

Oie amiguinha linda,

Poxa.... Entao, recordando, chegamos na segunda a noite. Dai nos vemos e assim que eu tiver recuperado meu trabalho, tiver dindin, vamos passear no Shopping.

beijossssssssss
Priscila