23 de ago. de 2007

As primeiras raízes

Foi Denise, a prima distante que me mostrou os belos prados da heterossexualidade. E hoje, vinte e poucos anos depois, acho Denise um fracasso e eu sou chamada de fracasso por viver de tentativas...bem, eu me divirto, essa é a verdade. Em 1985 Denise levou o namorado para Arraial do Cabo, eles sim, os dois jovens, se esfregavam furtivamente em banheiros, copas, cozinhas. Uma vez ainda não havia acabado as férias, eu o vi com as mãos entre as pernas de Denise, que era bem sem graça. Eu tinha cinco anos e havia descoberto a plantação de aipim ao atrás da casa.

"Você tem que enfiar a mão na terra e puxar o aipim. O aipim é uma raiz."

Existia uma certa graça em passar o dia colhendo mandiocas, que terminaram por apodrecer. Quando é demais é inútil. Princípío não válido para as calcinhas molhadas, antes que eu me esqueça Anais Nin mentiu ao dizer que a vagina pode ficar tão úmida a ponto de manchar a roupa. Isso é uma mentira. Me apaixonei pelo namorado de Denise, o garoto alto, moreno e de peito cabeludo, uns dezenove anos. Era o Zeppelin condutor de minha felicidade quando ele chegou junto de mim no meu lugar cativo da plantacao de aipim e disse que os meus cabelos eram cor de mel ou qualquer outra besteira. Não foi isso, que me fez ter as crises de choro quando ele foi embora, por uma briga com Denise - essa sim, hoje se lava com sabonetes especificos para a acepsia vaginal e casou com um buda endinheirado, gorda, sobretudo. Foi o peito cabeludo, as batidas do coracao que ultrapassavam o couro felpudo, a voz que saia lá de dentro e eu deitada ali tinha a certeza de que era o conjunto daquele homem mais a rede da varanda o que eu queria. Fácil resolução da sexualidade. Foi assim, depois de tantos aipins jogados fora, porque eram muitos e abasteciam demais aquela casa...dessa maneira que me apaixonei pela primeira vez. E também pela primeira vez, senti que mulheres não estavam nem estariam no meu cardapio - vide Denise, vide sua vida, vide os lubrificantes vaginais.

6 comentários:

Anônimo disse...

fala aí, guria... só dando um oi na tua praia de aipim... beijo leprevost... (e aquele senhorzinho? manda um abraço pra ele)

Projeto Miolo Mole disse...

camilla, não é mentira da anais nin... rs. beijos.

Camilla Lopes disse...

Leprêeeeeeeeee, não fui a sua peça e você foi embora! Onde está morando? O senhorzinho tá pior do que nunca.
Um beijo

Camilla Lopes disse...

Luana: Jesus,

Anônimo disse...

Aí fia, a Luana e a Anais tão certas. Tô com saudades e o senhorzinho tá se comportando muito bem. Não se preocupe que eu tô aqui trabalhando no quintal dele. hahahahaha. Beijocas e até mais.

Anônimo disse...

Camilla,

Esse teu post saiu completamente instigante! Tu lança um olhar percrustador e novo sobre temas caros à mulher; sobre alguns tabus; sobre a feminilidade em si!

Gostei.

Apareça lá em casa-blog.

http://alexeievitchromanov.zip.net

Roberto