15 de nov. de 2008

Napalm

Eu doei o Napalm para Narcisa, uma amiga que também é repórter. Narcisa trabalha no jornal sanguinário, é uma excelente apuradora de notícias e muito rápida quando acontecem tragédias. Ao anunciar sobre Napalm, Narcisa disse que amava animais e que gostaria de ficar com ele. Mas perguntou o porquê de eu não criar Napalm e tal. Eu disse que não poderia, pelos meus horários e que Napalm era muito bebê e tudo. Ela afirmou que gostaria de ficar com ele. Achei estranho, Narcisa trabalha em uma emissora de TV pela manhã e a tarde no jornal, mas ela garantiu. Na quarta, pela noitinha eu peguei um ônibus com Napalm dentro de uma caixinha, bem aquecido e com uma seringa de leite cheia. Fiquei conversando com o bicho no caminho;
"Napalm eu não posso ficar com você, eu já matei um gato...pisei na cabeça dele. Foi sem querer mas eu posso fazer isso com você, sei lá..."
Narcisa tem a maior cara de anjo. Usa aparelho nos dentes, veste roupas simples, você entregaria sua mãe para Narcisa cuidar. Ela levou o gato.
Hoje liguei pra ela.
"E o gato"?
"Morreu."
"Como assim?"
Ela disse que chegou do trabalho e encontrou ele duro e gelado. Ela deixou o bicho morrer, dá pra entender? Ela tem dois empregos e não poderia cuidar de Napalm e ele morreu. Ela passou mais de doze horas sem dar comida a ele. Olha, eu não sei se ligo tanto pra bicho. Mas eu fiquei meio sentida.
Narcisa matou Napalm. Matou não matou? Homicídio doloso.

Um comentário:

Fabiana Mendonça disse...

Narcisa matou Napalm. Não basta boa vontade, né, fia? tem que poder arcar com ela. Fiquei triste, eu era candidata ao gato. Mas vou adotar um paulista e colocar o mesmo nome em homenagem ao falecido.
Beijo!