Ninguém morreu. Desapareceram, espero que esteja bem, mas morto não está. Eu só aprendi a calar a boca. Hoje é dia 27, eu tenho 27 anos e falo bem menos do que o mês passado. Talvez no ano que vem, neste mesmo mês eu esteja bem mais lacônica. E por quê? Ah, perdi o saco, eu falava por ingenuidade, essas coisas. Hoje há cinismo no meu silêncio, eu brigo com o mundo da mesma forma que jogo batalha naval, estrategicamente. Mas eu nem sei jogar batalha naval.
Sabe outra coisa que eu pensava, de manhã? Cortei a perna com o barbeador, e enquanto o sangue escorria, pensei o seguinte:
"Convivo com gente tão burra, mas tão burra que me espanto que consigam se depilar".
Como alguém mentalmente inábil consegue ir ao banco, jogar na mega - sena ou fazer análise de discurso da operação Satiagraha? Tudo bem. Vamos supor que as pessoas passem à revelia dessas coisas todas, vamos idealizar que apenas façam e não pensem: quanto tempo se consegue agir pelo entorno? Uma vida inteira?
Agora uma felicidade. Há quantos anos eu tentei falar menos? Na quarta série: Camilla hoje você só irá falar seis palavrar, seis palavras até o meio - dia. Você será uma pessoa calada. Hoje eu sou calada. Ninguém mais vai se ofender se eu malhar a Bjork ou a Elis Regina. Não vou mais repetir o quanto eu as acho chatas. Não sei de nada? Pode ser, mas agora eu sou a garota calada e ainda sim, me depilo até o fim.
2 comentários:
decididamente, vc tá ficando mais velha, e mais sabia. Tava com saudade de te ler. Beijo
Tudo é uma questão de olhar pra direção certa. Quando não dá, a gente se faz de cego, é bem por aí. E de mudo!
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