Ás vezes, muito raramente, eu penso em como sou vista pelos outros. Nunca, desde que eu brincava de repórter aos 4 anos de idade (minha única pauta era: O que o senhor acha da enchente?), desde que eu mordia a Ana Paula, brincava sozinha com as formigas, e pensava na cor que seria o mundo se o mundo não existisse...Desde então, não me importo muito com os outros. Já disseram que os outros são o inferno, já disseram também que se você escreve para os outros, você não está escrevendo para Deus. Naturalmente foi Sartre, que existia de fato, na totalidade da existência e quem existe, como ele e como eu pretendo existir - ao menos dentre os meus - não pode, ah não pode... se preocupar com os outros. Tenho lá minhas ambições literárias, estão meio paradas porque não encontrei um nicho de onde posso tirar as minhas serpentes. Enquanto isso, eu leio. É mais seguro do que me aventurar de botas rasgadas. No entanto, observo que várias pessoas que escrevem, me refiro aos meus amigos, conhecidos e contemporâneos escritores, têm uma preocupação em como vão ser vistos por aí. Inclua nisto, o conteúdo de seus blogs e sites. Uma vez, encontrei com um poeta, um cara bem legal que estava de passagem pelo Rio. Enquanto andávamos pela rua com outros amigos, ele fez uma cara meio séria e disse;
"Ei Camilla, eu leio o seu blog, de vez em quando eu vou lá. Ele não está linkado ao meu porque só está linkado ao meu blog os que eu mais leio."
Ah que pena, cem reais não me pagaria tal satisfação. Não lembro o que eu disse, mas foi algo parecido como um: Claro, claro eu compreendo. Eu me exponho mesmo, porra eu não sou o Zeca Camargo. Do mesmo jeito que escrevo (e bem) dos escritores, músicos e demais troços, falo da minha vida, da minha santa mãezinha e filhinha, dos meus pequenos desastres amorosos, da minha falta de grana e de quando estou milionária. De tudo o que me compoe e que irá compor a minha literatura quando ela sair das serpentes em forma de veneno - não espere outra coisa, porque eu não brinco em serviço. Não sou nenhuma "wanna be" das letras, meu texto é esse mesmo, pouco entendo de poesia e conheço muito de prosa viva. Prosa que mantém vivo. Prosa de quem não tem tempo a perder pensando na própria imagem. E que venham os tiros de fuzil, se for preciso a gente rasteja.
4 comentários:
Reah!
é isso aí, Camilla!
eu gosto.
isso! isso! isso! isso, camila! isso! é exatamente isso! estou com você, menina! fica comigo então! olha: esses aí, na maioria das vezes, não sabem escrever nada. digo mesmo: absolutamente nada!
é um descompasso! uma chatisse! duro de terminar de ler! parece que estão escrevendo para a primeira rainha elizabeth.
literatura num país moribundo culturalmente como esse, onde jovens e adolescentes sentem nojo só de ouvir falar na palavra 'poesia', precisa ser de fácil entendimento, textos lisos, simples, transados, despojados, fácil de terminar de ler.
acredite, camila... li alguns poucos textos seus, e é desse tipo de composição, como as suas... simples e objetivas, sem parâmetros acadêmicos, padrões, sem os quase mortos termos e conjugações verbais doces como quebra-queixo, que nossos jovens precisam.
mais uma vez digo: é isso mesmo. mantenha-se aí.
um detalhe: www.blogdogafanhoto.blogspot.com
Vem cá, Leonardo, você não se enxerga não? Você é um clichê, uma repetição da esquerda festiva poética e trotkista. Você é uma piada, uma piada que comemora os dias dos namorados. Como você pode me acusar de ser POP, se você é uma reprodução de 40 anos atrás?
E o pior de tudo, você é completamente obcecado por mim.
Tadinho.
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